Postagens

Entrevista com Dilma Rousseff

Imagem
Entrevista concedida a Maria Cristina Frias, Valdo Cruz, Natuza Nery, Natália Cancian e Julia Borba, publicada na Folha de S. Paulo, edição de 07.07.15. Folha - O ex-presidente Lula disse que ele e a sra. estavam no volume morto. Estão? Dilma Rousseff - Respeito muito o presidente Lula. Ele tem todo o direito de dizer onde ele está e onde acha que eu estou. Mas não me sinto no volume morto não. Estou lutando incansavelmente para superar um momento bastante difícil na vida do país. Lula disse que ajuste fiscal é coisa de tucano, mas a sra. fez. Querido, podem querer, mas não faço crítica ao Lula. Não preciso. Deixa ele falar. O presidente Lula tem direito de falar o que quiser. A sra. passa uma imagem forte, mas enfrenta uma fase difícil. Outro dia postaram que eu tinha tentado suicídio, que estava traumatizadíssima. Não aposta nisso, gente. Foi cem mil vezes pior ser presa e torturada. Vivemos numa democracia. Não dá para achar que isso aqui seja uma tortura. Não é. É uma lu...

Pelo amor de Deus, parem de ajudar a África!

Imagem
Entrevista concedida pelo economista queniano James Shikwati ao jornalista Thilo Thielke, publicada na “DER SPIEGEL”, em 06.07.2005. DER SPIEGEL - Senhor Shikwati, a cúpula do G8 em Gleneagles deverá aumentar a ajuda ao desenvolvimento da África... James Shikwati - Pelo amor de Deus, parem com isso! DS - Parar? Os países industrializados do Ocidente querem eliminar a fome e a pobreza. Shikwati - Essas intenções estão prejudicando nosso continente nos últimos 40 anos. Se os países industrializados realmente querem ajudar os africanos, deveriam finalmente cancelar essa terrível ajuda. Os países que receberam mais ajuda ao desenvolvimento também são os que estão em pior situação. Apesar dos bilhões que foram despejados na África, o continente continua pobre. DS - O senhor tem uma explicação para esse paradoxo? Shikwati - Burocracias enormes são financiadas (com o dinheiro da ajuda), a corrupção e a complacência são promovidas, os africanos aprendem a ser mendigos, e não independentes. A...

Dilma precisa voltar a comandar a agenda do país

Imagem
Entrevista concedida a jornalista RAQUEL LANDIM , publicada no portal da Folha de S. Paulo, em 07.06.2015. Folha - Qual é a sua avaliação sobre o ajuste fiscal? Antonio Delfim Netto - O ajuste fiscal é necessário. No ano passado, ocorreu uma deterioração fiscal muito profunda. Até dezembro de 2013, a situação era desagradável, mas não tinha gravidade. O desequilíbrio de 2014 foi deliberadamente produzido para a reeleição e atingiu seu objetivo. O PT tirou muito proveito disso, porque continuou com a maior bancada na Câmara. Era visível que precisava fazer um ajuste em 2015. Houve estelionato eleitoral? Não tenho dúvida, é um absurdo tentar negar. Dilma fez uma mudança na política econômica equivalente à de são Paulo na estrada de Damasco [Paulo se converteu ao cristianismo em viagem de Jerusalém a Damasco e se tornou apóstolo]. Essa é uma questão moral que abalou a credibilidade do governo, mas o importante é o conserto. E esse conserto da economia vai no rumo certo? O ajuste do L...

Entrevista com Camille Paglia

Imagem
Entrevista concedida à Fernanda Mena , publicada na Folha de São Paulo, em 24.04.2015. Folha - Você é feminista ou antifeminista? Camille Paglia - Eu certamente sou uma feminista. 100%. Os motivos pelos quais eu discordo de boa parte das feministas de hoje é que minha militância começou no início dos anos 60, antes da reviravolta que o movimento teve no final daquela década. Eu dei uma aula na semana passada na qual eu falava sobre o filme "Núpcias de Escândalo", com Katharine Hepburn. A mãe da atriz era uma das líderes da campanha pelo sufrágio das mulheres, e a própria atriz, antes da Segunda Guerra Mundial, estava participando das manifestações de sufragistas. Eu estava obcecada também por Amelia Earhart, pioneira da aviação e uma dessas mulheres emancipadas dos anos 20 e 30. Eu admiro demais essa geração de mulheres. Porque elas não atacavam os homens, não insultavam os homens e não apontavam os homens como fonte de todos os problemas das mulheres. O que elas pediam...

As 14 Estações da Via Crucis

Imagem
A Via Crucis (Caminho da Cruz) é o trajeto, ainda hoje existente em Jerusalém, trilhado por Jesus, desde o Pretório, onde foi condenado, até o Monte Calvário, onde foi crucificado. A caminhada de Jesus, carregando a própria cruz, foi narrada em detalhes por muitos historiadores da época e é hoje resumida em 14 atos, notados como os pontos cruciais da Via. São as 14 Estações: 1ª  Estação: Jesus é condenado à morte 2ª  Estação: Jesus carrega a cruz às costas 3ª  Estação: Jesus cai pela primeira vez 4ª  Estação: Jesus encontra a Sua Mãe, Maria 5ª  Estação: Simão Cirineu ajuda Jesus a carregar a cruz 6ª  Estação: Verônica limpa, com um lenço, o rosto de Jesus 7ª  Estação: Jesus cai pela segunda vez 8ª  Estação: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém 9ª  Estação: Jesus cai pela terceira vez 10ª Estação: Jesus é despojado de Suas vestes 11ª Estação: Jesus é pregado na cruz 12ª Estação: Jesus morre na cruz 13ª Estação: Jesus é descido da cruz ...

Entrevista de Cristiano Kok à Folha de S. Paulo

Imagem
Entrevista concedida ao jornalista DAVID FRIEDLANDER, publicada na Folha de S. Paulo em 19.03.2015. Folha - Ao todo, quanto vocês pagaram de propina nos contratos da Petrobras? Cristiano Kok - Foram R$ 6 milhões a R$ 7 milhões num contrato de R$ 700 milhões da refinaria Abreu e Lima, e mais uns R$ 3 milhões na refinaria de Cubatão. Pagamos em prestações mensais para três empresas do Alberto Youssef, como se fosse prestação de serviços. Quando começou a Lava Jato, ficamos sem dinheiro e paramos tudo. Só que Youssef tinha duplicatas assinadas por nós e as descontou no banco. O banco veio atrás e tivemos que pagar para não ficar com o nome sujo. Para quem ia o dinheiro? Não sei. José Janene [ex-deputado do PP] indicou o Youssef e ele dizia: 'Paga isso aqui, paga aquilo ali'. Não sei para onde o dinheiro ia e só soube que as empresas eram do Youssef muito depois. O sr. não desconfiava que o dinheiro era para políticos? Como a indicação do Youssef foi política, evidentemente ...

Entrevista de Nouriel Roubini à Folha

Imagem
Entrevista ao jornalista Raul Juste Lores, em WASHINGTON, em 16/03/2015, para a Folha.com Folha - O sr. disse que está "cautelosamente otimista" com o Brasil. Por quê? Nouriel Roubini - Os investidores estão céticos porque veem fraqueza política da presidente e acham que o ajuste não vai acontecer. Assim, o real continua caindo. Mas a presidente não tem escolha. A menos que seja irracional ou politicamente suicida, o que não acredito que seja, ela vai insistir no ajuste, como disse no discurso de domingo. Quando o Brasil vai voltar a crescer? Se ela fizer o ajuste agora e mudar suas políticas, terá um ano muito difícil, sem crescer ou com pequena recessão. No ano que vem será um pouco melhor, pode crescer até 1,5% e ter outros dois anos de crescimento OK. Se não o fizer, o real sofrerá queda livre, o Brasil vai perder o grau de investimento. Ela sabe que o segundo mandato poderá se tornar um desastre. A presidente culpou a crise internacional. O sr. concorda? Certament...