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Lula, o filme

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Autor: Elio Gaspari Artigo publicado na Folha de São Paulo e em O Globo, em 15.11.2009 “O filme ‘Lula, o filho do Brasil’ estreará em 500 cinemas no dia 1º de janeiro. As platéias chorarão de emoção e a oposição, de raiva.   São 128 minutos de viagem pela história de um garoto que sai do sertão pernambucano, come o pão que o Diabo amassou, e chega à presidência da República.   É possível que algumas pessoas comecem a chorar já na fila para a compra de ingressos. Deliberadamente épico, o filme arranca até a última lágrima da platéia.   A epopéia foi lustrada pelos roteiristas e pelo diretor Fábio Barreto, mas não foi invenção deles. Ela está na essência da história do filho de Dona Lindu.   ‘O Filho do Brasil’ baseia-se no livro do mesmo título, de Denise Paraná, lançado em 2002. Ele reúne uma longo depoimento de Lula à autora, mais entrevistas com seus três irmãos, três irmãs e a mulher, Marisa.   Quem o leu viu uma parte da alma de N...

Nota do Poder Judiciário

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PODER JUDICIÁRIO NOTA OFICIAL   A propósito de manifestações publicadas em sites e jornais, de cunho estritamente partidário e conteúdo essencialmente anárquico, que revelam flagrante desapreço às Leis e acintoso estímulo à desordem e à violência, este Poder sente-se no dever de emitir este comunicado ao povo do Pará, que não mais tolera os métodos violentos dos que pretendem alcançar seus objetivos, sejam eles quais forem, através da implantação de um regime de terror e intimidação, à margem da Constituição e das Leis.   As decisões do Poder Judiciário são fundamentadas na essência do Direito e da Justiça que norteia o Estado Democrático de Direito. O Poder Judiciário não deve explicações nem resposta a quem se diz democrata, mas não pratica a democracia e prefere marginar a Lei.   O Poder Judiciário não deve explicações a quem não merece respeito, porque não respeita as instituições democráticas, as decisões que delas emanam, não respeita a nada nem a ...

Suicídio ou loucura

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Texto de autoria desconhecida. Foi encontrado no bolso de um cadáver a seguinte carta: Senhor Delegado, Não culpe ninguém pela minha morte: eu cometi suicídio. Deixei esta vida porque um dia a mais que eu vivesse, acabaria ficando louco. Eu explico doutor: casei-me com uma viúva, a qual tinha uma filha, que, por afinidade, também passou a ser minha filha, mais exatamente, minha enteada. Nada de anormal se não tivesse acontecido o que se segue. Meu pai era viúvo e quis a fatalidade que ele viesse a se enamorar da filha da minha mulher. A moça também se enamorou dele e o os dois acabaram por se casar. Resultou daí que a minha mulher se tornou a sogra do meu pai. A minha enteada, por consequência, passou a ser minha mãe. O meu pai, pelos mesmos laços, passou a ser, também, meu genro. A minha mulher passou a ser nora da própria filha. Logo a minha filha, casada com o meu pai, deu à luz uma menina. Esta criança, por ser filha do meu pai, veio a ser minha irmã. Como era neta da minha...

A Missa do Galo

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Autor: Machado de Assis (foto abaixo) NUNCA PUDE entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela trinta. Era noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa do galo, preferi não dormir; combinei que eu iria acordá-lo à meia-noite. A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de minhas primas A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-me bem quando vim de Mangaratiba para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia tranqüilo, naquela casa assobradada da Rua do Senado, com os meus livros, poucas relações, alguns passeios. A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. Às dez horas da noite toda a gente estava nos quartos; às dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fa...

O sorriso da Monalisa

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Autor: Parsifal Pontes A primeira vez que eu vi a Monalisa fiquei decepcionado: um quadro pequeno, atrás de um vidro de segurança, em um corredor tumultuado do Louvre. A minha expectativa mostrou-se bem maior que a obra que eu acabara de ver. Acabei concluindo que a Monalisa, menos que uma obra prima, era mais um ícone precipitadamente escolhido pela mídia. Eu acalentava uma dúvida sobre quem houvera sido mais prodigioso, se Leonardo da Vinci ou Michelangelo Buonarroti : sempre que eu me decidia por Michelangelo, imediatamente procurava algo de Da Vinci e a dúvida voltava. Eu já tinha uma queda por Michelangelo, devido ao Moisés. Sempre que vou a Roma, não parto sem ir a San Pietro in Vincoli . Dentro da igreja eu experimento dor e êxtase: aquela ao fitar as correntes com as quais Roma submeteu o apóstolo Pedro; este ao admirar a obra magistral de Michelangelo, o Moisés . Saí do Louvre decepcionado, todavia aliviado: eu acabara de decidir que Michelangelo fora melhor que Leona...

O tempo passa…

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Autor: João Jenidarchiche.   Aqui entre nós:   Você já leu “O Esporte” – “O Governador” – “Folha da Manhã” - “O Correio Paulistano” - “A Hora” – “O Pasquim” - “Tico Tico” “Noite Ilustrada” – “Folha da Noite” – “Notícias Populares” - “Revista do Rádio” - “A Cigarra” - “Realidade” - “ O Cruzeiro ”? Falando em Cruzeiro, lembra do Amigo da Onça?   A azia era tratada com Sal de Frutas ENO, ou com Sal de Uvas Picôt?   Já andou de Romiseta, de Lambreta, de Cadilac, de Pontiac, de Aéro Willys, de Fissori, de Vemaguete, de Doufini, de Gordine, de Simca Jangada, de Mércury, de Rabo de Peixe, de Packard, de Hudson, de Buick, de Nasch, de De Soto, de Simca Chambord, de Esplanada?   E de bonde, chegou a andar? Aquele aberto ou o camarão?   Juntou Figurinhas das Balas Futebol? Das balas seleções? E das balas Pão Duro? Você colava as figurinhas com Goma Arábica ou cola feita com água e farinha de trigo?   Tua bicicleta era Monark ou Bia...

O último discurso

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O texto abaixo é de autoria de Charles Chaplin e faz parte do filme, do mesmo, “O Grande Ditador”.     “Sinto muito, mas não pretendo ser imperador. Não é esse o meu ofício.   Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio...negros...brancos.   Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim: desejamos viver para a felicidade do próximo, não para o seu infortúnio.   Porque haveremos de desprezar e odiar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.   O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo a muralha do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios.   Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que prod...