Divisão só traria prejuízos ao Pará

Matéria publicada em “O Liberal”, domingo, 14, no caderno Poder, página 05.

 

lutfalaLutfala Bitar

 

A divisão territorial do Pará pode varrer do mapa a força política e econômica do principal estado da região Norte do País. Dividido em três unidades federativas, cada um dos estados terá um peso no cenário nacional nada representativo - e ao contrário do tão sonhado desenvolvimento, os estados terão que administrar uma enorme gama de problemas. Esta é a conclusão do engenheiro Lutfala Bitar, vice-presidente da Associação Comercial do Pará (ACP). Para Bitar, a criação dos estados de Carajás e do Tapajós a partir da divisão do Pará trará prejuízos principalmente de ordem financeira.

 

Segundo o engenheiro, atualmente, as regiões Sul e Sudeste do País participam com cerca de 75% da riqueza territorial brasileira. Os outros 25%, lembra Bitar, estão distribuídos entre as regiões Centro-oeste, Norte e Nordeste, ou seja, apenas um quarto da riqueza nacional se apresenta do meio para cima no mapa do País. “É um número díspar, se levarmos em conta que dois terços do território brasileiro é composto pela Amazônia”, comenta.

 

Bitar destaca que mesmo vasta territorialmente, a Amazônia detém apenas 8% da riqueza nacional. “O Pará tem um PIB (Produto Interno Bruto) que contribui com apenas 1,7% na soma das riquezas do País. Mesmo assim, moramos no Estado mais importante do Norte, pois tem o maior PIB da região”, explica.

 

Com a divisão, a participação do Pará no PIB nacional ficará abaixo de 1%. “É, sem dúvida, uma participação inexpressiva, que vai atrapalhar inclusive no campo político”, comenta. O engenheiro lembra que os estudos que viabilizam a divisão não foram concluídos e, por isso, não há como avaliar os benefícios da separação.

 

“Nem o plebiscito deve acontecer, sem estudos de viabilidade fechados e sem a conscientização da população. Quem vai decidir se deve ou não haver o separatismo é o povo – mas a escolha depende do esclarecimento. A informação é o principal aliado do eleitor na hora de fazer a sua escolha. Sem ela, fica muito difícil votar”, acrescenta Bitar. O vice-presidente da ACP lembra que os estados de Minas Gerais, Paraná e Bahia já cogitaram a possibilidade de separação territorial. No entanto, a ideia não foi adiante.

“Em Minas Gerais tentou-se dividir o Triângulo Mineiro, porém, o assunto não chegou sequer às urnas. Nem foi preciso realizar plebiscito, pois o povo entendeu que era prejudicial. Da mesma forma aconteceu no Paraná e na Bahia. O separatismo foi barrado pelos estudos técnicos de viabilidade, que comprovadamente mostraram os grandes prejuízos que acarretariam”, revela.

 

PREJUÍZOS

 

Com a divisão, a população do Pará, que hoje é de 7,4 milhões de habitantes, passaria a ser de 4,7 milhões. A extensão territorial seria reduzida de 1.253.164,5 km² para 244.830 km². Além disso, o Pará deixaria de ser composto por 144 municípios, passando a ter apenas 78 prefeituras. A unidade federativa que possui duas hidrelétricas em operação e uma prestes a se tornar a terceira maior do mundo teria de importar energia de outros estados. O PIB também cairia à quase a metade, retraindo de R$ 50 bilhões para R$ 29 bilhões - volume que deixaria o Pará atrás do Amazonas e do Maranhão. O retalhamento faria o Pará perder 80% dos municípios com as maiores rendas per capita do Estado e 60% dos municípios com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O volume de área desflorestada do Estado cresceria de 17,5% para 30,7%. O “novo” Pará também perderia 6 das suas 13 bacias hidrográficas.

 

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Leia o meu artigo “Contrarrazoes”, que contesta esta matéria.

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