Autor: Parsifal Pontes A primeira vez que eu vi a Monalisa fiquei decepcionado: um quadro pequeno, atrás de um vidro de segurança, em um corredor tumultuado do Louvre. A minha expectativa mostrou-se bem maior que a obra que eu acabara de ver. Acabei concluindo que a Monalisa, menos que uma obra prima, era mais um ícone precipitadamente escolhido pela mídia. Eu acalentava uma dúvida sobre quem houvera sido mais prodigioso, se Leonardo da Vinci ou Michelangelo Buonarroti : sempre que eu me decidia por Michelangelo, imediatamente procurava algo de Da Vinci e a dúvida voltava. Eu já tinha uma queda por Michelangelo, devido ao Moisés. Sempre que vou a Roma, não parto sem ir a San Pietro in Vincoli . Dentro da igreja eu experimento dor e êxtase: aquela ao fitar as correntes com as quais Roma submeteu o apóstolo Pedro; este ao admirar a obra magistral de Michelangelo, o Moisés . Saí do Louvre decepcionado, todavia aliviado: eu acabara de decidir que Michelangelo fora melhor que Leona...
Entrevista concedida à repórter Juliana Linhares, publicada nas “Páginas Amarelas” da revista “Veja”, edição 2223 – ano 44 – nº 26 – 29 de junho de 2011 Médico mineiro que ajudou no atendimento à princesa fala sobre as medidas heroicas – e erros de atendimento – no acidente que matou a mulher mais famosa do mundo. N ão é possível afirmar que a princesa Diana morreu por ser quem era - sempre pairará uma dúvida cruel: os ferimentos sofridos por ela no acidente de carro em 31 de agosto de 1997 seriam fatais de qualquer maneira ou o resgate demorou mais ainda por envolver a mulher mais famosa do mundo? É possível, porém, sustentar que Diana teve os últimos resquícios de vida intensivamente prolongados porque os médicos dedicaram um esforço excepcional às chamadas medidas heroicas justamente por ela ser quem era. O cirurgião cardíaco Leonardo Esteves Lima, 46, acompanhou os últimos momentos da princesa no Pitié-Salpêtrière, o maior hospital de Paris, onde ele havia ...
Matéria de Alana Rizzo e Talita Fernandes, publicada na revista Época, edição de 14.01.2017. O amplo gabinete no 4º andar do Palácio da Justiça sempre foi um dos mais disputados de Brasília. Quem se senta na cadeira de ministro da Justiça tem à vista, subitamente, uma montanha de poder político – e uma montanha igualmente imensa de encrencas. Boa parte dos problemas do governo passam pelo Ministério da Justiça. É uma Pasta balofa. Tem orçamento de R$ 14 bilhões e 12 secretarias, além da Polícia Federal e da Rodoviária Federal. Cuida de índios, de anistias políticas, de estrangeiros, de presídios, de cartéis, de direitos humanos. Cuida da relação do governo com os Tribunais Superiores. Até o Arquivo Nacional está nesse mafuá estatal. O ministro da Justiça coordena, por fim, a segurança pública do país. No gabinete dele, não entra solução: só entra problema. Quando o ministro (nunca houve uma ministra) é fraco, o problema que entra no gabinete encontra um problema sentado na cadeira...